A geração de imagens sintéticas tem ganhado força em diversos setores, incluindo a verificação biométrica. Seu potencial para aprimorar modelos de reconhecimento convive com riscos emergentes, como os ataques de falsificação e os deepfakes. A chave está em equilibrar inovação, segurança e ética.
Por Ángela Sánchez Pérez, R&D AI Researcher
Os dados sintéticos estão ganhando espaço em diferentes áreas da nossa sociedade, como saúde, finanças e educação, onde já são utilizados para treinar modelos, otimizar processos ou reforçar a segurança. Paralelamente, é cada vez mais comum o uso de ferramentas capazes de gerar imagens a partir de outras imagens ou de instruções em texto (prompts). Um exemplo representativo é o uso de modelos como o ChatGPT, que podem criar imagens sintéticas com características específicas, como mudanças de estilo ou composições totalmente novas.
No entanto, essas ferramentas também trazem certos riscos, entre eles a possibilidade de facilitar ataques a sistemas de verificação de identidade durante processos de onboarding digital.
Dados sintéticos no reconhecimento facial: qualidade ou coerência?
Embora a geração de dados sintéticos de boa qualidade esteja ao alcance de muitos, sua utilidade depende do contexto. No reconhecimento facial, é fundamental que os indivíduos sintéticos possuam um número suficiente de imagens que reflitam a variabilidade típica das imagens reais: variações de pose, iluminação, expressões faciais ou oclusões, entre outros fatores.
Além disso, é crucial que as imagens mantenham de forma coerente a identidade do sujeito, sem misturar características de diferentes pessoas. Nesse sentido, a consistência da identidade torna-se uma prioridade, até mesmo acima da qualidade visual.
Preservar a identidade: um desafio crítico na biometria sintética
Esse aspecto, conhecido como preservação da identidade, representa um dos principais desafios na geração de dados sintéticos aplicados à biometria. Se as imagens não conservarem fielmente os traços distintivos de uma pessoa, ou se combinarem involuntariamente características de diferentes indivíduos, sua utilidade para treinar ou avaliar sistemas de reconhecimento facial é comprometida.
Por isso, a geração controlada de identidades sintéticas continua sendo uma área central de pesquisa.
Treinamento mais ético e robusto com dados sintéticos
A geração sintética de dados também pode trazer grandes benefícios na fase de treinamento de modelos, especialmente como complemento aos dados reais. Nesse contexto, os dados sintéticos podem ajudar a reduzir tanto o erro quanto o viés presentes nos conjuntos de treinamento, ao incorporar maior diversidade de condições e oferecer uma representação mais equilibrada.
Além disso, reduzem a dependência de dados reais, que no reconhecimento facial costumam ser sensíveis. Minimizar a necessidade de coletar e processar informações pessoais não só reforça a privacidade dos indivíduos, como também facilita o cumprimento de normas éticas e legais relacionadas à proteção de dados.
Deepfakes e ataques de falsificação: ameaças em crescimento
O acesso cada vez mais amplo a ferramentas de geração de dados sintéticos impõe desafios significativos à segurança biométrica. Os sistemas de reconhecimento facial enfrentam um risco crescente de vulnerabilidade diante de técnicas como os deepfakes e outros métodos de falsificação visual. Essas tecnologias permitem criar imagens ou vídeos altamente realistas, capazes de enganar os mecanismos de autenticação e comprometer a integridade do processo de verificação de identidade.
Reforçando a segurança diante de identidades geradas artificialmente
Diante dessas ameaças emergentes, tanto o meio acadêmico quanto o setor privado estão intensificando seus esforços no desenvolvimento de sistemas avançados de segurança biométrica. O objetivo é reforçar a detecção e mitigação de tentativas de falsificação por meio de conteúdos gerados artificialmente, garantindo a proteção dos usuários e a confiabilidade dos processos de verificação.
Implicações sociais e éticas das identidades sintéticas
Para além dos aspectos técnicos, a proliferação de imagens sintéticas traz desafios sociais e éticos relevantes. A capacidade de manipular ou criar identidades com alto grau de realismo abre espaço para novas formas de desinformação, fraude digital e falsificação de identidade.
Esse fenômeno coloca em risco a confiança nas evidências visuais, em contextos legais e cotidianos, e levanta questionamentos sobre a responsabilidade na criação e disseminação desse tipo de conteúdo.
Diante desse cenário, na Facephi trabalhamos para desenvolver tecnologias que não apenas garantam a eficácia técnica, mas também respeitem a privacidade, a integridade e a proteção da identidade digital. Com uma abordagem baseada na inovação responsável, contribuímos para construir um ambiente digital mais seguro e confiável para todos.
Descubra como nossas soluções estão impulsionando uma gestão ética e segura da identidade digital, adaptada aos desafios de um mundo cada vez mais digitalizado.